As botas sempre foram um símbolo de força e, também, um talismã. No conto de Perrault, O Gato de Botas, as pequenas e indefesas vítimas voltam a sorte a seu favor roubando e calçando as botas dos seus perseguidores. Pinturas descobertas na Espanha e que datam de cerca de 13.000 a.C. mostram homens e mulheres com botas de peles de animais.
Porém, no século 18, as mulheres das classes altas continuavam usando calçados feitos de seda e veludos. A única exceção à regra era a bota de montaria - uma versão reduzida do modelo masculino - que as mulheres podiam usar quando montavam a cavalo.
Só após a década de 1830, as mulheres que não trabalhavam começaram a usar botas na vida diária. Pata fazer o pé feminino parecer mais delicado, as novas botas até o tornozelo eram feitas com formas estreitas e firmemente apertadas com botões. A sua função era aprisionar a carne, afastando-a da tentação, mas tinham o efeito exatamente oposto - realçavam a curvatura da barriga da perna e revelavam-se altamente eróticas.
Quando a produção em massa surgiu, na década de 1850, as botas ficaram ao alcance tanto das criadas como das senhoras a quem serviam. Deixando de ser um sinal de posição social elevada, a bota se tornou um símbolo de crescente igualdade não apenas entre os sexos, mas também entre as classes sociais.
As botas femininas entrariam no mundo da moda no século 20. Proliferaram novos modelos, materiais, tamanhos e alturas de saltos. Pela primeira vez, as mulheres que usavam botas, e não os homens, foram o centro das atenções. Nos anos 60 surgiu a moda da minissaia que mostrava e destacava ainda mais as pernas femininas.
De repente, as botas deixaram de ser simples acessórios. Passaram elas mesmas a ditar a roupa que se devia vestir. Das botas curtas à Beatle até as botas altas que subiam até à coxa, todas caminharam ousadamente, anunciando a libertação do tradicional vestuário feminino.
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